opinião

Greve dos caminhoneiros é reflexo de um cenário de insatisfação

Marcos Fonseca


Foto: Renan Mattos (Diário)
Concentração de profissionais na BR-158

Na política e na economia, nada ocorre por acaso. Todos os cenários são muito bem estudados antes e os resultados, totalmente previsíveis.

A paralisação dos caminhoneiros era algo que já se sabia que iria acontecer. Era questão de tempo. Afinal, a atual política de reajustes de preços da Petrobras é danosa aos interesses de qualquer sociedade. Reajustar os valores dos combustíveis quase diariamente só faz bem à estatal que detém o monopólio dos combustíveis e aos governos, que arrecadam muito com a venda. Quase metade do preço na bomba paga pelo consumidor é tributo. Logo, quanto mais cara a gasolina, o diesel e o etanol, melhor para o governo, pois é mais dinheiro arrecado para os cofres públicos.

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Qual governante vai querer frear essa situação e se desfazer da sua galinha dos ovos de ouro?  

A resposta do governo às reivindicações dos caminhoneiros chega a soar como desaforo. A decisão da Petrobras de reduzir 10% o preço do diesel vendido pelas refinarias por 15 dias não resolve nada. Ao final de duas semanas, tudo voltará a ser como antes.

A discussão é longa. O difícil será decidir algo agora, em ano de eleição.

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O certo é que o caos no país era esperado. Afinal, foi a própria política nacional de décadas de privilégios ao transporte rodoviário que deu força aos caminhoneiros para que possam parar o Brasil, literalmente. E todos nós, contribuintes, ficamos atrelados às decisões da Petrobras, companhia que tenta sair do sufoco de anos de corrupção empurrando goela abaixo dos brasileiros combustíveis de baixa rentabilidade e preços elevados. Sim, não podemos esquecer que tanto o diesel quanto a gasolina não são puros. O diesel é misturado com o biodiesel (óleo de origem animal ou vegetal), e cada litro de gasolina tem, na verdade, um quarto de etanol (álcool). 

Ou talvez a intenção seja essa mesma: levar os brasileiros ao seu limite, e depois ter justas razões para entregar nosso setor petrolífero a companhias estrangeiras. Isso, com o cenário de hoje, teria o apoio de muita gente.

O tempo dirá. Até lá, seguiremos pagando a (cara) conta.

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